Aos
oito
anos
Isabel
já
tinha
aprendido
a
recitar
todos
os
dias
a
Liturgia
das
Horas,
a
socorrer
os pobres e a praticar rigorosos jejuns.
A
professora
Catedrática
da
Faculdade
de
Letras
da
Universidade
de
Coimbra,
Maria
José
Azevedo
Santos,
detalha
na
biografia
da
Rainha
Santa
esse
amor
incondicional
pelos
menos
favorecidos:
É assim que os portugueses
carinhosamente clamam pelo
nome de Santa Isabel de
Portugal. Afinal, ela foi rainha
deste país entre os séculos 13 e
14, e uma das mais queridas
pelo povo lusitano.
Isabel de Aragão nasceu
provavelmente em Saragoça, na Espanha, e deixou
sua marca na história e no coração do povo
português e do mundo inteiro por sua
Muito
piedosa,
caridosa
e
devota
da
Virgem
Maria,
de
Santa
Clara
e
de
São
Tiago,
a
Rainha
Santa
praticou
em sua vida aquela máxima evangélica:
Sua predileção pelos mais
simples e abandonados
surge ainda na infância.
Ela tinha “gosto pela
oração, o poder cândido
de gerar afetos e
reconciliações, a bondade
ingênua e a inteligência
promissora”.
santamente
no dia
Santa Isabel também é lembrada como a
Rainha Pacificadora. Sua diplomacia e
concórdia evitaram muitas guerras, em
família e entre reinos.
Isabel
teve
uma
infância
de
curta
duração,
pois
foi
dada
como
esposa
de
Dom
Dinis,
o
Lavrador,
rei
de
Portugal,
aos
doze
anos.
Foi
casada
durante
44
anos,
e
com
ele
teve
dois filhos: Afonso e Constança.
Isabel
viveu
em
vida
o
calvário
dos
amores
ilícitos
do
rei
e
com
doçura
e
mansidão
cuidou
dos
filhos
bastardos
como
se
fossem seus.
“Isabel
aflige-se
mais
pela
ofensa
a
Deus
do
que
a
ela.
Com
doçura,
procurou
reconduzi-lo
ao
reto
caminho
e,
sem
se
deixar
tomar
pelas
lamentações”,
escreve
Guido
Pettinati
sobre
a
postura
da
Rainha
às
traições do esposo.
Isabel de Aragão morreu
em Estremoz, junto do filho,
Afonso IV e sua família.
4
de julho
Logo
após
sua
morte,
o
povo
começou
a
venerar
os
seus
restos
mortais
e
a
rogar
sua
intercessão.
Alguns
séculos
depois,
em
15
de
abril
de
1516,
a
Rainha
Santa
foi
beatificada
pelo
Papa Leão X.
No
último
ano
de
sua
vida
peregrinou,
uma
segunda
vez,
a
Santiago
de
Compostela,
junto
com
duas
mulheres.
Quis
fazer
a
pé
a
longa
viagem,
apesar
dos
seus
64
anos
e
mendigou
de
porta
em porta o alimento diário.
Trezentos
anos
depois,
ao
abrirem
o
túmulo
da
Rainha
foi
descoberto
que
seu
corpo
permaneceu
inteiro
e
incorrupto.
Com mais esse fato, a Igreja resolveu canonizá-la no dia 25 de
maio
de
1625,
por
decreto
do
Papa
Urbano
VIII,
e
naquele
mesmo ano, o Rei Filipe III proclamou-a
Os
restos
mortais
de
Santa
Isabel
estão
expostos
na
Igreja
do
Convento
de
Santa
Clara.
Onde
está
também
uma
parcela
do
bastão
que
Isabel
carregou
na
volta
da
primeira
peregrinação
a
Santiago de Compostela.
Em
2016,
foram
celebrados
os
e
a
Igreja
deixou
à
vista
dos
fiéis
a
mão
incorrupta
de
Santa
Isabel
para
veneração
dos
f
iéis,
679
anos
depois
de
sua
morte.
Em
1319,
Isabel
deslocou-se
a
cavalo,
e
com
um
crucifixo
na
mão,
entre
os
soldados
das
facções
opostas
do
marido
e
de
seu
filho.
Com
seu
gesto,
viu
uma
breve
reconciliação
entre
eles,
que
infelizmente
recomeçou
pouco
tempo
depois,
ainda
mais
violenta,
em
Lisboa.
Mas
Isabel,
que
preferia
a
paz
a
todo
o
ouro
do
mundo,
montou
numa
mula
e
lançou-se
entre
os
dois
exércitos
novamente
para
exortá-los,
com
palavras
e
lágrimas,
a
assinar
um
acordo.
A
Rainha
Santa
conseguiu
finalmente
alcançar
a
paz
e
reconciliar
para sempre pai e filho.
Isabel
ainda
lutou
pela
pacificação
entre
parentes
e
outros
reinos
ao
longo
de
sua
vida.
No
mesmo
ano
de
sua
morte,
aos
66
anos,
sabendo
que
seu
filho
iria
iniciar
uma
guerra
contra
o
neto,
Dom
Afonso
XI
de
Castela,
empreendeu
uma
penosa
viagem
de
mais
de
220
quilômetros,
até
Estremoz,
onde
estava
o
filho,
para
evitar
que
eles
se
enfrentassem.
A
Rainha
Santa
pode
ver
ainda
a
conversão
de
seu
esposo,
Dom
Dinis,
que
voltou
a
viver
com
ela
os
últimos
anos
de
vida.
A Rainha Isabel costumava ajudar
os pobres nos fundos do palácio e
trazia os pães amontoados no
avental, quando chegou o rei,
retornando de uma caçada.
Sabendo dos gestos caridosos da
esposa, mas sem aprová-los
perguntou:
Isabel abre o avental, e rosas se espalham pelo chão…
E o povo todo se ajoelhou diante da nobre senhora.
— O que trazes aí, Senhora?
— São rosas, Senhor!
— Rosas em janeiro? Isso é um milagre. Deixa-me ver.
Após
a
morte
do
rei,
em
1325,
a
Rainha
renunciou
ao
mundo,
cortou
os
cabelos
e
vestiu
o
hábito
da
Ordem
Terceira
Franciscana,
e
peregrinou
pelo
caminho
de
Santiago de Compostela.
Ao final dessa
caminhada, entregou ao
bispo da cidade a sua
coroa de ouro e outros
bens valiosos.
Em agradecimento, o
bispo entregou-lhe um
bastão e uma bolsa.
Ao
voltar
à
corte,
a
Rainha
doou
diversos
bens
aos
pobres
e
distribuiu
outros
aos
seus
herdeiros.
Terminou
a
construção
do
Mosteiro
de
Santa
Clara
que
havia
iniciado,
em
Coimbra,
e
nele
desejou
terminar
a
sua
vida,
como
religiosa.
Mas
os
sacerdotes
da
época,
não
deixaram
que
isso
acontecesse
por
razões
de
Estado
e
para
não
privar
os
pobres das contribuições da rainha.
Então,
ela
manteve
o
hábito
e
pediu
para
construir
um
espaço
junto
ao
mosteiro,
onde
poderia
se
retirar
para
rezar,
conversar
e
fazer
refeições
com
as
religiosas,
além
de
atender
os
pobres
e
oferecer-lhes amparo e consolo.
Em Portugal, a
Confraria da Rainha
Santa Isabel
guarda a memória e
perpetua a devoção da Rainha Santa
e dá continuidade às suas obras de
caridade junto aos pobres.
Fontes pesquisadas:
Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura de Portugal
Confraria da Rainha Santa Isabel de Portugal
Agência Ecclesia