No dia em que a Igreja Católica celebra a memória de São Maximiliano Maria Kolbe, mártir do Holocausto, lembramos também dos Papas Bento XVI e São João Paulo II. Quando jovens, ambos presenciaram indiretamente o extermínio de 6 milhões de judeus pelos nazistas, e após eleitos pontífices visitaram o campo de concentração de Auschwitz, onde foram assassinados mais de 1,5 milhão de pessoas.
Foi durante a invasão alemã na Polônia que São João Paulo II, aos 22 anos, decidiu ser padre e entrou para o seminário clandestino mantido pelo cardeal Adam Sapieha. Já o alemão Joseph Ratzinger, o papa Bento XVI, era um seminarista de 16 anos que foi obrigado a se alistar no corpo dos auxiliares para a defesa aérea, “como ocorria naquela época com todos os jovens alemães”, segundo informações oficiais do Vaticano.
Em 1940, momento em que os futuros papas se preparavam para dedicar suas vidas a Deus, o sacerdote Maximiliano Kolbe foi preso pela primeira vez pela Gestapo, polícia
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Fotos da Vida do Sacerdote
alemã, pois incomodava o terceiro Reich com suas publicações. No ano seguinte, foi preso novamente e levado a Auschwitz, onde passou a ser identificado pelo número 16.670.
São João Paulo II
"filho do povo polonês"
em 1979
Esteve no campo de Auschwitz, em sua primeira viagem à Polônia como papa, quando lembrou-se de um passado sombrio: “E desci muitas vezes à cela da morte de Maximiliano Kolbe e detive-me diante do muro do extermínio e passei entre as ruínas dos fornos crematórios de Birkenau”.
Bento XVI
"filho do povo alemão"
em maio de 2006
Viajou para lá, onde se emocionou diante dos túmulos. “Todas estas lápides comemorativas falam de dor humana, deixam-nos intuir o cinismo daquele poder que tratava os homens como material e não os reconhecia como pessoas, nas quais resplandece a imagem de Deus”, refletiu.

foto: iglesia
"O lugar no qual nos encontramos é um lugar da memória, é o lugar do Shoá. O passado nunca é apenas passado. Ele refere-se a nós e indica-nos os caminhos que não devem ser percorridos e os que o devem ser. Como João Paulo II, percorri o caminho ao longo das lápides que, nas várias línguas, recordam as vítimas deste lugar(...) Estou aqui não para odiar mas para, juntos, amar."
Papa Emerito Bento XVI - maio de 2006
O Ministério sacerdotal de São João Paulo II foi fruto do imenso sofrimento daqueles que morreram no Holocausto. Um dos exemplos sempre citados por ele era justamente o de Padre Kolbe, que trocou sua vida pela de um prisioneiro pai de família, chamado Francisco Gajowniczek.


Depois da guerra, o sargento Francisco Gajowniczek retornou à sua cidade natal, reencontrando a sua esposa. Seus dois filhos tinham sido mortos durante a guerra. Todos os anos, no dia 14 de agosto, ele retornou à Auschwitz e divulgou durante toda a vida o ato heroico do Pe. Kolbe. Morreu aos 95 anos, em 13 de março de 1995, em Brzeg, na Polônia, quase 54 anos depois de ter sido salvo da morte por São Maximiliano Kolbe.Francisco Gajowniczek
encontra o Papa João Paulo II
A presença em Auschwitz dos papas que viveram os horrores da 2ª Guerra Mundial em “lados opostos” representa a possibilidade de redenção da humanidade, tanto pelas tragédias de ontem como pelas de hoje.

As palavras do santo polonês, em uma de suas homilias enquanto bispo, conduzem ao caminho da esperança: “Não podemos ficar esmagados embaixo dessa terrível impressão: temos que olhar para os sinais da fé, como fez Maximiliano Kolbe”.